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quarta-feira, 14 de março de 2018

Chacina de Osasco: PM é condenado a mais de 119 anos de prisão

Cristilder durante o último dia de julgamento Foto Aloisio Mauricio (Foto: Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo)

PM Victor Cristilder é o último condenado pela morte de 12 pessoas e a tentativa de homicídio de outras quatro.

Redação RIC Mais


O policial militar Victor Cristilder Silva dos Santos, 33 anos, foi condenado a 119 anos 4 meses e 4 dias de prisão em regime fechado pela participação na chacina de Osasco, a maior do Estado de São Paulo, ocorrida no dia 13 de agosto de 2015. A decisão cabe recurso. A sentença foi lida pela magistrada Élia Kinosita Bulman no Tribunal do Júri de Osasco. A pena foi definida pelo crime de homícidio por 12 mortes consumadas e 4 tentativas de assassinato.
"Vamos recorrer. Ele foi condenado por todas as mortes com todas os qualificadores, mas os jurados entenderam que ele não participava de uma organização criminosa para cometer o crime", diz o advogado de defesa de Cristilder, João Carlos Capanin. "Foi um resultado coerente e extremante justo. É a análise conjunta dos jurados que fez diferença e ele foi condenado com 2 qualificadores: motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítima", disse o promotor de Justiça Marcelo Oliveira.
Cristilder é acusado de ser um dos organizadores da chacina que vitimou 18 pessoas em Barueri e Osasco, em São Paulo. Ele teria enviado mensagens pelo WhatsApp para o celular do guarda municipal Sérgio Manhanhã com o propósito de combinar o início das execuções.
"Uma decisão apertada por 4 votos a 3. Júri é uma instituição muito perigosa, porque eles votam com a cédula embaixo da mesa, podem se confundir. Cristilder vai morrer na cadeia. Se fosse em outro país teria que ser uma votação unânime", critica João Capanin, advogado do reú.
Foram ouvidas 19 testemunhas e apresentados dois vídeos de testemunhas protegidas. Cristilder é acusado por ter deixado 16 vítimas entre tentativas e homicídios consumados. De acordo com a juíza, ele foi condenado por crimes com os seguintes qualificadores: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa das vítimas de se defender, formação de grupo de extermínio e formação de quadrilha. Os outros três réus foram condenados por participação na chacina de Osasco.
Debates
O promotor de Justiça Marcelo Oliveira afirmou que a defesa não queria que o júri ocorresse em Osasco. Os ânimos se acirraram, porem, quando a acusação disse que não tinha recursos para produzir um vídeo com "trilha sonora" em referência aos depoimentos de familiares de Cristilder exibidos aos jurados.
Durante a réplica, o promotor exibiu um trecho da gravação de uma audiência de instrução em que o policial militar Victor Cristilder aparecendo rindo. "O futuro da família dos réus foi definido pela postura deles", afirmou Oliveira.
A defensora pública Maíra Coraci Diniz, que representa as famílias das vítimas, afirmou
Maior chacina da história
O policial militar Victor Cristilder, foi preso por suspeita de envolvimento na maior chacina da história de São Paulo, que terminou com 18 mortos e outros sete feridos em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo. Além dos ataques, em agosto de 2015, o policial também é réu em outro homicídio, em Carapicuíba, em uma espécie de "pré-chacina".
Outros dois PMs e um guarda-civil de Barueri foram condenados a mais de 600 anos de prisão, na soma das penas, em setembro. O julgamento de Cristilder foi desmembrado após recurso da defesa. Agora, o resultado pode afetar a decisão anterior. O PM, por exemplo, é o principal elo entre a chacina e o GCM Sérgio Manhanhã, que foi condenado a 100 anos e 10 meses de prisão. Eles trocaram "joinhas", via WhatsApp, em horários que coincidem com o início e o fim dos crimes, mas alegam que a "conversa", só com sinais, era sobre o empréstimo de um livro de Direito.
Uma testemunha-chave, que havia "sumido" durante a fase de instrução, também reapareceu após o primeiro julgamento e, desta vez, deve afirmar em plenário que mentiu ao denunciar o PM Thiago Heinklain, condenado a 247 anos, 7 meses e 10 dias de prisão. Por sua vez, o PM Fabrício Eleutério, reconhecido por outra testemunha protegida, recebeu 255 anos, 7 meses e 10 dias. 
O plenário do Fórum Criminal de Osasco foi reservado por quatro dias. Foram ouvidas 25 testemunhas, entre sobreviventes, familiares e policiais da força-tarefa. O secretário da Segurança Pública de São Paulo da época, hoje ministro do STF, Alexandre de Moraes, chegou a ser chamado como testemunha, mas, por ofício, teria comunicado que não estaria presente e foi duramente criticado pela defesa.

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